• Ser igreja! Antes de qualquer responsabilidade para com qualquer área na igreja, temos que ter consciência de que somos seres humanos, filhos de Deus, e igreja juntamente com os outros irmãos que não servem em departamentos específicos.

Este pensamento, à partida, deve causar em nós um sentido de responsabilidade perante Deus, enquanto seguidores de Cristo, de servirmos a sua igreja, independentemente se temos responsabilidades acrescidas dentro dela ou não, e de glorificarmos o Seu nome no nosso quotidiano. Devemos, simplesmente, ser cristãos, antes de tudo.

Após determinado este facto e de estarmos cientes do mesmo, todos nós, como igreja, definimos a nossa identidade (não que vamos seguir a nossa vontade e de que a igreja tem de servir “as minhas necessidades”, mas sim em moldar aquilo que nos define enquanto cristãos e as nossas convicções, para que o mundo lá fora entenda aquilo que cremos). A nossa identidade, enquanto igreja Lighthouse, está descrita no site oficial da mesma (https://www.igrejalighthouse.com/no-que-acreditamos).

O livro de Atos expressa esta mesma ideia de uma forma linda no capítulo 4, verso 32: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. Apesar da expressão “todas as coisas” significar, maioritariamente, aquilo que é material/físico (pois vendiam as suas propriedades e ofereciam o dinheiro à igreja), creio também que pode ser interpretada como a visão e a doutrina que tomavam como sua identidade. Tudo isso era COMUM à multidão! E este aspeto é fundamental para manter uma congregação unida e forte.

Um parêntesis que considero importante fazer é o seguinte: como é que o autor do livro de Atos, Lucas, sabia que era “um o coração e alma da multidão”? Só a palavra “multidão” faz-nos considerar que era um número considerável de pessoas, portanto, como é que ele sabia disso? Penso que a explicação evidente é que eles falavam entre si, partilhando os seus pensamentos e crenças, e igualmente a vivência do evangelho era tão visível, que não restava dúvidas aos que estavam de fora (numa perspetiva de espectador) que os irmãos da igreja primitiva eram diferentes e tinham uma luz diferente das pessoas do mundo.

Tendo como ponto de partida esta mesma visão, vamos todos caminhar para o rumo certo: ensinar o evangelho e colocá-lo em prática nas nossas vidas, não só porque deve ser o nosso desejo como também para os que não creem possam, um dia, vir a crer.

• Responsabilidade acrescida! Após uma breve exposição sobre a atitude primária que devemos tomar, é um facto que, enquanto membros do grupo de louvor, a nossa responsabilidade é acrescida, tanto espiritualmente, para podermos ser um exemplo para os nossos irmãos em Cristo, quanto tecnicamente, com as nossas vozes e instrumentos. De uma forma mais gráfica, farei uma lista das nossas responsabilidades “básicas”:

o Estudar o instrumento e/ou voz;

o Predisposição para frequentar os ensaios;

o Chegar a horas, tanto aos ensaios como aos domingos de manhã;

o Estudar as músicas que irão ser tocadas nesse fim de semana;

o Avisar em caso de não se conseguir ir ao ensaio ou à reunião.

Embora estas responsabilidades sejam mais técnicas e intituladas como “senso comum”, muitas vezes não são seguidas! O simples facto de não se estudar o instrumento ou de aquecermos/treinarmos a voz permite que as coisas nem sempre corram como desejamos. Não que tenhamos de ser profissionais, mas tudo o que entregamos a Deus, deve ser o MELHOR.

Com isto, não quero dizer que se o meu melhor é tocar “Dó Ré Mi”, então não preciso de saber “Dó Ré Mi Fá”, porque Deus ama o meu melhor. Parece absurdo este exemplo, mas se nós temos capacidade de tocar mais e melhor, por que não agarrar essa oportunidade?

Por vezes, temos situações da nossa vida que não nos permitem investir mais no nosso estudo técnico, e não critico isso. Apenas creio que não é “a vida que nos permite ter oportunidade para”, mas sim nós termos a capacidade de criar oportunidades.

Dando um exemplo real da minha vida, muitas vezes sentia-me frustrada e desanimada em tocar piano, porque tinha “muito que fazer”. Tenho a faculdade, o trabalho part-time, tenho as limpezas da casa (que sou um bocado obcecada!), tenho (não por obrigação, mas por desejo) que ler a Bíblia, entre outras atividades que tinha de fazer. Simplesmente pensava que não tinha tempo para tocar piano. Porém, e apesar de continuar a “lutar” para produzir este hábito, decidi TER tempo para tocar, nem que fossem 15 minutos. Podem parecer pouco estes 15 minutos, mas fazem a diferença. Primeiro, pelo simples facto de tomar a atitude de o fazer; segundo, porque mais vale um pouco do que nada, pois sempre evoluo.

Relativamente aos atrasos, não nego a possibilidade de existirem, mas penso que deve ser esforço de todos para que aconteçam com pouca frequência. É um princípio fundamental e que permite um fluir mais equilibrado, tanto no ensaio como no domingo. Se tentamos o nosso máximo não chegarmos atrasados aos nossos trabalhos e/ou escolas, devemos fazê-lo para com Deus e com os nossos irmãos, visto que é Deus, o Senhor das nossas vidas!!!!

Uma ideia bastante dura, no entanto verdadeira, é esta: o “chegar” atrasado (quando não é por motivos externos ou incontroláveis por nós) transmite a mensagem que “o meu tempo é mais valioso que o teu”. É duro, mas é verdade!

Vamos tentar fazer o nosso melhor, pois Deus honrará essa atitude.

• Responsabilidade acrescida, agora “mais” espiritual! Este seguinte ponto pretende realçar a importância de sabermos o que estamos a fazer no campo espiritual. Louvar não é meramente tocar músicas, estarmos afinados e levantar os braços ou bater palmas. Louvar é mais do que é visível. Apesar do louvor incluir aquilo que mencionei acima, ele começa no nosso coração.

Há uns tempos atrás, foi mencionado numa das nossas reuniões uma entrevista de uma atriz que acredita que a admiração que temos por alguém está inteiramente ligada com o amor que sentimos pela mesma. Creio que o mesmo se aplica aqui: o amor que temos por Deus demonstra a admiração que temos por aquilo que Ele é e por aquilo que Ele faz. E como podemos expressar esse amor e essa admiração? Uma das formas é através do louvor.

O que é o louvor? Louvor é engrandecer, destacar, glorificar, elogiar. Nós devemos engrandecer o nome de Deus, destacá-lo perante todas as circunstâncias ou pessoas que participam na vida, dar glória ao nome que é acima de todo o nome; e elogiar aquilo que Deus foi, Deus é e sempre será!

Dito isto, o nosso louvor deve ser consciente, deve ser feito com inteligência, sabendo o que se faz. E, por isso mesmo, deve haver um preparamento fora das portas da igreja: Salmo 108:1 “Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e salmodiarei com toda a minha alma”.

Em segundo lugar, o louvor deve ser um prazer nas nossas vidas (Salmo 92:1 “Bom é louvar ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo”). Contra mim falo, devemos louvar mais a Deus. Não com a expectativa de que Deus vai fazer algo por nós sempre que o louvamos, mas sim com a expectativa de o RECONHECER como digno de louvor. Se Deus nos der o que pedirmos, é um “bónus”, mas tenhamos sempre a consciência que não é sobre mim, mas sobre Ele (Salmo 96:4 “Porque grande é o Senhor e digno de louvor, mais tremendo do que todos os deuses”). Louvar é um mandamento! Se olharmos para os Salmos, principalmente o verbo “Louvar” encontra-se no imperativo “Louvai ao Senhor”, “Louvemos...” (Salmo 103, Salmo 104, Salmo 106, Salmo 149, Salmo 150, entre outros).

Em terceiro e último lugar, é necessário ter consciência de que somos pecadores e que precisamos de um Salvador, Jesus Cristo. Apesar desta ser a nossa premissa enquanto cristãos, esta realidade deve perseverar em nossos corações, de forma a sensibilizar os nossos irmãos a reconhecer o mesmo, enquanto responsáveis por conduzir o departamento de louvor. Claro que quem faz o trabalho de convencer a pessoa é o Espírito Santo (João 16:8 “E quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo.”), mas nós que carregamos a verdade do Evangelho em nós mesmos, podemos também ajudar-nos uns aos outros, de forma a edificar o corpo de Cristo (Colossenses 3:16 “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”).

• E... a adoração onde fica? Das várias dúvidas que tinha, a diferença entre louvor e adoração era uma delas. Devido a ensinamentos errados que nos foram dados em tempos, era feita uma distinção entre louvor e adoração enquanto conceito teórico. No entanto, algo me inquietava. Até podiam ser apresentadas definições diferentes destes dois termos, porém não via qualquer diferença na prática.

“Adorar é a nossa expressão por aquilo que Deus é. Louvar é a nossa expressão por aquilo que Deus faz”. Por mais bonito que possam parecer estas afirmações, não fazem qualquer sentido. A meu ver, adorar e louvar é o mesmo. Adoramos a Deus, que é digno de todo o louvor. Louvamos a um Deus que adoramos. Estes dois termos são interdependentes.

É também um erro pensar que louvor são músicas “animadas” e adoração músicas “lentas”. As músicas, quer elas sejam num ritmo mais marcado e acelerado quer não, são uma forma de louvor e de adoração a Deus. Assim como pensar na bondade de Deus, por exemplo, é uma expressão de louvor a Deus. Assim como tratar o meu próximo com o amor de Cristo é louvar a Deus.

Nós adoramos e louvamos o que Deus é e o que Deus faz. Agora... precisamos da tal inteligência já referida no ponto anterior, pois podemos cantar até que a garganta doa, mas se não o fazemos com a consciência e atitude correta, de nada nos vale cantar.

É preciso intencionalidade naquilo que fazemos aos outros e, principalmente, a Deus. Assim como devemos intencionalmente amar o próximo, façamos isso para com Deus. Que possamos ser intencionais na nossa relação com Deus, adorando-O, louvando-O e amando-O com o nosso coração, alma, forças e mente.

• O Fruto do Espírito! Após esta breve introdução sobre a base do que é ser cristão, membro da igreja e com responsabilidade acrescida ao servir no departamento de louvor, penso que seja importante referir certas características que devemos ter. Como já referi no primeiro ponto, não é porque estamos a servir num departamento que vamos “tentar comportar de tal maneira”. Essa transformação e desejo de ser melhor vem do Espírito de Deus e vem simplesmente por termos sido salvos, não por termos “cargos” na igreja.

Com isto, creio que é útil mencionar alguns versículos que nos apelam a sermos mais parecidos com Cristo: - Provérbios 3:13 “ Bem aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento”: este verso invoca à importância de “acharmos” a sabedoria de Deus, pois só Ele sabe todas as coisas e possuí a sabedoria pura e perfeita; relata também a utilidade da aprendizagem (“adquirir conhecimento” na Palavra de Deus, pois esse conhecimento permitirá escolhermos e decidirmos coisas sábias ao longo da vida. Quando uma pessoa tem um maior conhecimento em certa área, tenderá a decidir sabiamente);

- Provérbios 3:30 “Não contendas com alguém sem razão, se te não tem feito mal”: não procuremos criar contendas uns com os outros. Caso exista alguma situação a se resolver, vamos ter com os nossos irmãos e falar, sempre com uma atitude de perdão;

- Provérbios 4:13 “Pega-te à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida”: não fiquemos aborrecidos quando alguém nos corrige. A correção é feita por aquele que nos ama, quer seja um irmão ou o próprio Deus. Para aquele que corrige, corrija em amor, nunca faltando à verdade (outros versículos com o mesmo tema Prov. 8:10-11; 33, Prov. 5:1-2, Prov. 13:1, Prov. 19:20);

- Mateus 18:15-22: Perdoar! O perdão que praticamos com o nosso irmão parte de uma decisão e não de uma emoção. Nós raramente nos sentimos “preparados” para perdoar, mas sim decidimos tomar essa atitude (o que está conjugado também com uma atitude de humildade);

- Mateus 18: 1- 5: Jesus afirma que a humildade é a grande chave para sermos “grandes” em caráter. Devemos guardar o nosso coração (Provérbios 4:23) ao sermos humildes e limpos de coração (Mateus 5:8) e isso nos levará a sermos grandes para Deus (II Coríntios 10: 17-18). Por vezes, é-nos difícil admitir que erramos e que agimos de determinado modo que magoou o irmão, no entanto admitirmos a nossa culpa, humilhando o nosso orgulho (Mateus 23:12), permitirá que o Espírito Santo comece a transformar o nosso coração num coração humilde. Por outro lado, também é necessária humildade para admitirmos que temos uma atitude certa. Paulo diz em I Coríntios 11:1 “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo”. Poderíamos pensar que o Apóstolo Paulo estava a ser um pouco convencido ao se equiparar com Cristo, porém é preciso humildade para o dizer. Obviamente que nunca chegaremos ao estatuto de Cristo, na sua perfeição, no entanto Deus fez-nos novas criaturas por Jesus Cristo (II Coríntios 5:17) e dá-nos todas as ferramentas para sermos iguais a Cristo, portanto podemos também ser destemidos em reconhecer que praticamos o Evangelho. Com isto, não estou a invocar à vaidade e a exigir que todos reconheçam que somos praticantes do Evangelho de Cristo (pois isso não seria humildade), mas quando reconhecemos que a nossa vida é um exemplo, não nos podemos fazer de “coitadinhos” mas sim continuar a glorificar e a dar graças a Deus por nos ter dado essa graça. Porque, apesar de termos de nos “esforçar” em viver o que a Palavra de Deus diz e de não sermos preguiçosos, o Espírito Santo é que nos convence e nos “provoca” o desejo de praticar as palavras de Cristo.

Neste sentido, devemos dar espaço ao Espírito Santo para nos moldar. Primeiramente, precisamos de estar ligados à videira, Jesus (João 15: 5- “Eu sou a Videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer”).

Jesus é a videira. As características acima descritas não podem ser produzidas pela nossa força, é impossível. O nosso salvador afirmou “porque sem mim nada podereis fazer” (João 15:5) e é das maiores verdades que podemos ouvir. O nosso corpo deseja o mal, deseja o egoísmo e a satisfação das suas necessidades. Porém, quando estamos ligados à videira, reconhecendo que sem ela não conseguimos viver uma vida com significado, damos fruto naturalmente.

Como devemos permanecer na videira? O evangelho segundo o Apóstolo João, no capítulo 15, versículos 9 e 10, faz uma breve explicação: 9) “Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.”; 10) Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor”.

Permanecer na videira é permanecer no amor de Deus, em Cristo Jesus. Portanto se guardarmos os mandamentos que Cristo nos ensina, permanecemos no seu amor (=ligados à videira). Os mandamentos são estes, que desde o início dos tempos são referidos, “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10: 27, ver também Levítico 19: 18, Deuteronómio 6:5, João 15:12, I João 3: 11).

Desta forma, vamos dar fruto! Não para nosso proveito ou glória, mas para a glória de Deus. Deus é tão perfeito e tão amável que se utiliza de nós (humanos, frágeis, pecadores, fracos) para refletir a Sua glória. E que fruto iremos dar? Será que vamos ter um carro novo todas as semanas? Será que vamos ter emprego garantido para o resto da vida? Será que o fruto é dinheiro? Não!!!!!!!!!! É muito mais do que algo físico, humano, material; o fruto é espiritual (Gálatas 5:22), pois é a melhor e maior forma de produzirmos fruto. A nossa essência, o nosso temperamento, a nossa mente, a nossa consciência, o nosso pensar vão ser alinhados com a vontade de Deus, com o caráter de Deus e não há melhor forma de refletirmos a glória do Pai, senão por caráter.

Que Deus nos livre de um coração endurecido, idólatra e rancoroso! Que possamos ter sempre um coração moldável à Palavra de Deus para que o Espírito Santo opere em nós (Efésios 2:10).

Data: 17/07/2020

Salomé Fidalgo